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Direitos humanos: uma conquista histórica, uma violência estrutural e um “mi mi mi” simbólico

Autor: CEI Campinas Data: 15/03/2024

Os direitos humanos são os direitos fundamentais que todas as pessoas têm, independentemente de sua origem, raça, gênero, idade, religião, orientação sexual, opinião política ou qualquer outra característica. Eles são baseados no princípio da dignidade humana, que reconhece o valor e o respeito que cada ser humano merece.

A conquista dos direitos humanos foi resultado de muitas lutas sociais, históricas e políticas, que buscaram combater as formas de opressão, exploração, discriminação e violência que existiam e ainda existem em muitas sociedades. Alguns exemplos dessas lutas são: a Revolução Francesa, a Abolição da Escravatura, o Movimento Feminista, o Movimento Negro, o Movimento LGBT, entre outros.

No entanto, apesar dos avanços e das conquistas, os direitos humanos ainda são violados e desrespeitados em muitos contextos e situações. Uma das formas mais graves e persistentes de violação dos direitos humanos é a violência estrutural, que se refere à violência que é produzida e reproduzida pelas estruturas sociais, econômicas, políticas e culturais que geram e mantêm as desigualdades, as injustiças e as exclusões.

A violência estrutural se manifesta de diversas maneiras, como: a pobreza, a fome, a falta de acesso à saúde, à educação, à moradia, ao trabalho, à cultura, à participação política, etc. Ela também se expressa nas relações de poder, de dominação, de exploração, de preconceito, de discriminação, de racismo, de machismo, de homofobia, de xenofobia, etc. A violência estrutural afeta principalmente os grupos e as pessoas que são consideradas como minorias, vulneráveis, marginalizadas ou subalternizadas na sociedade.

Diante desse cenário, muitas pessoas e movimentos sociais se mobilizam para denunciar, resistir e combater a violência estrutural, reivindicando o reconhecimento, a garantia e a efetivação dos seus direitos humanos. Essas pessoas e movimentos sociais são frequentemente criticados, desqualificados e silenciados por aqueles que se beneficiam ou se sentem ameaçados pela mudança social. Esses críticos costumam acusar as vítimas da violência estrutural de serem “mimizentos”, “vitimistas”, “chorões”, “radicais”, “ideológicos”, etc.

Essa atitude de deslegitimar e ridicularizar as demandas e as lutas pelos direitos humanos é o que se chama de “mi mi mi”. O “mi mi mi” é uma forma de violência simbólica, que visa desvalorizar, desmoralizar e desmobilizar as pessoas e os movimentos sociais que buscam transformar a realidade social. O “mi mi mi” é uma forma de negar ou minimizar a existência e a gravidade da violência estrutural, de culpabilizar ou responsabilizar as vítimas pela sua situação, de defender ou justificar o status quo, de impedir ou dificultar o diálogo, o debate e a democracia.

Portanto, é importante reconhecer e respeitar os direitos humanos como direitos universais, inalienáveis e indivisíveis, que devem ser garantidos e protegidos para todas as pessoas, sem distinção ou discriminação. É importante também reconhecer e combater a violência estrutural como uma forma de violação dos direitos humanos, que gera e perpetua as desigualdades, as injustiças e as exclusões. E é importante ainda reconhecer e superar o “mi mi mi” como uma forma de violência simbólica, que impede ou dificulta a construção de uma sociedade mais justa, solidária e democrática.

 

Leonardo Duart Bastos
Superintendente do CEI Campinas