quinta-feira, 9 de maio de 2024

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Ana Paula Franke, mãe da Claudinéia, usuária do Serviço de Convivência

Autor: CEI Campinas Data: 21/12/2021

1 – Qual a importância desse serviço para vocês?
Ana Paula: Para mim é muito importante porque eu sinto um acolhimento, desde o início, todas as dificuldades que eu tive com a Claudinéia, tanto a Marisa como toda a equipe sempre se mostraram muito abertas. Independente, já falei com elas no sábado, já falei mais tarde à noite, já foram na minha casa. E elas sempre mostram uma preocupação, uma empatia e a gente se sente realmente acolhido.

2 – Qual foi o momento que vocês descobriram o CEI e descobriram que precisavam desse serviço?
Ana Paula: Sinceramente não lembro como foi. Eu estava com essa dificuldade, eu precisava de um lugar para deixar a Cacá, e tinha que ser um lugar que tivesse algum serviço, não simplesmente deixar ela. E acho que alguém me comentou do CEI. E foi muita sorte porque é pertinho da minha casa. Foi muita sorte, veio na hora certa. Fiquei muito feliz porque gostei muito do acolhimento, como falei. E acho que às vezes a gente realmente não conhece, talvez eu não conhecesse por que não precisasse antes. Aí quando precisei, eu sai falando para todo mundo, e aí as pessoas me deram essa luz, essa solução.


Para complementar a entrevista com a usuária, entrevistamos Marisa Moreira, coordenadora do SCFV. Para iniciar, ela descreveu um pouco sobre o que é o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculo e também sobre o caso da Claudinéia.

“O Serviço de Convivência tem como premissa principal a prevenção. Trabalhamos com base na Proteção Básica, por isso temos um cunho muito preventivo, que é exatamente para conseguirmos trabalhar as crianças, os adolescentes e famílias nos seus diversos riscos sociais. Também trabalhamos com direitos sociais, e tentamos levar o que é política pública, política de assistência, a quem ela veio, como as pessoas podem se ver nesse processo enquanto usuário da política pública para as famílias que atendemos.
Com as crianças, trabalhamos muito a questão do próprio fortalecimento de vínculo, o direito de ser, a questão da identidade, ações preventivas, olhando para a cidadania e principalmente o que é estar em grupo. Nossas atividades são planejadas e organizadas muito no sentido de grupal mesmo. O que é esse grupal?
Como nós atendemos de 6 a 14 anos e 11 meses entende que é importante olhar para o desenvolvimento dos ciclos de vida. Então enquanto uma arte educadora trabalha com recorte de idade (Ex: de 6 à 9, de 9 à 11 e de 12 à 14) por que a gente entende que é importante esse atendimento das necessidades de uma determinada idade, de um determinado momento , então temos muito esse cuidado de ofertar as atividades socioeducativas olhando para os ciclos de vida.”

“Falando um pouquinho sobre como é esse cuidado, esse atendimento com as crianças e suas famílias, temos um caso muito bacana que é o da Claudinéia. E hoje, podemos olhar para essa menina, que é atendida aqui pelo Serviço de Convivência mais ou menos há uns três anos e olhar pela evolução dela.
A mãe, por alguns momentos, procurou nossa equipe muito aflita, porque ela não estava sabendo lidar com algumas questões da Claudinéia, por que ela optou por essa adoção né, e ela já estava meio que querendo desistir, por que não estava dando conta dessa criança, que desde sempre, ela já teve essa vivência de abrigo, três vezes; já tinha sido adotada antes e aí a família não deu conta e “devolveu”. Infelizmente esse termo “devolveu” é horrível e eu não gosto de usar, mas infelizmente é isso.
A Ana, disposta a ter mesmo uma filha, adota a Claudinéia mas ela foi vendo que também não ia dando conta dessa demanda toda que vinha com a Claudinéia, de acordo com a sua vivência de abrigo por todo esse tempo. E foi um trabalho muito bacana, muito intensivo. A gente fez um acompanhamento, tivemos a ajuda de um estagiário de terapia ocupacional , para também auxiliar a Claudinéia nas suas questões. As educadoras Vanessa e Michele fizeram um trabalho muito de perto, fazendo visitas, acompanhando, orientando e eu, enquanto assistente social para o Serviço de Convivência, fui também tendo esse outro lado de acompanhar a família juntamente com a Vara da Infância e da Juventude, junto com as psicólogas de lá e fomos trabalhando tudo certinho com essa mãe. E hoje, vemos que é uma relação muito saudável, as duas conseguiram superar todas as problemáticas que estavam demonstrando que ia dar tudo errado, que não iam dar conta, nem a criança e nem a mãe; e hoje a gente olha para essa relação e vemos o fortalecimento de vínculo. Ver o resultado de um trabalho desse, que temos participado e acompanhado e que agora poder estar testemunhando tudo isso é muito gratificante, e ao mesmo tempo essa mãe devolve também para nós essa ação, toda essa vivência que ela teve com a gente, esses processos de altos e baixos. E hoje ela se sente super feliz, se sente contemplada com essa escolha que ela fez lá atrás.
Também não é por que está dando tudo certo, que a gente se retira. Nós continuamos nesse compromisso de parceria mesmo com essa família, entendendo que a gente tá aqui, para estar fortalecendo os vínculos e estar sempre ao lado das famílias para o que elas precisarem da gente. E é muito legal olhar que não é uma questão financeira, uma questão socioeconômica, mas sim uma questão de fortalecimento de vínculos.”

P – Quando o adolescente completa os 14 anos e 11 meses, ele pode continuar frequentando algum serviço do CEI?

“Quando o adolescente vai chegando nos 13, quase perto dos 14, nós vamos já vamos trabalhando o mercado de trabalho. Não estou falando de arrumar um trabalho para esse adolescente, mas sim, a vivência do mundo do trabalho. Esse ano mesmo, fizemos reuniões com o CIEE, trouxemos adolescentes para essas reuniões, para eles entenderem o que é uma entrevista, para entender o que é ser um jovem aprendiz, o que significa isso, quais são suas perspectivas para o mercado de trabalho, o que ele já pensa, se pensa em fazer um curso técnico. Então a gente já vai inserindo o adolescente nessas práticas do mercado de trabalho e vamos acompanhando, para que quando esses jovens saírem daqui da instituição, a gente já faça encaminhamentos. Um exemplo é um adolescente nosso que completou 15 anos em janeiro, e conseguimos encaminhá-lo para o serviço de convivência do Patrulheiros, ele foi inserido nesse serviço de convivência e lá ele vivencia o mercado de trabalho diariamente, recebendo essas vivências e essas atividades, e automaticamente ele já vai construindo suas possibilidades para dentro de uma carreira e afins”