Muitas vezes, nós nos fechamos em nossas bolhas de opinião, de cultura, de religião, de classe social, e nos esquecemos que há um mundo vasto e complexo lá fora, cheio de pessoas diferentes de nós. Pessoas que pensam diferente, que agem diferente, que vivem diferente. Pessoas que, às vezes, nos incomodam, nos ofendem, nos desafiam, nos contradizem.
E como nós reagimos a essas pessoas? Com ódio, com desprezo, com violência, com indiferença. Nós as desumanizamos, as reduzimos a rótulos, a estereótipos, a inimigos. Nós as ignoramos, as excluímos, as atacamos, as eliminamos. Nós as tratamos como se não fossem humanas, como se não tivessem valor, como se não merecessem existir.
Mas será que essa é a melhor forma de lidar com as diferenças? Será que essa é a forma mais justa, mais ética, mais humana? Será que essa é a forma que nos faz crescer, evoluir, aprender, conviver?
A resposta é não. Desumanizar o outro não é uma forma legítima de resolver as contradições. Desumanizar o outro é uma forma de negar a sua humanidade, e também a nossa. Desumanizar o outro é uma forma de empobrecer o mundo, e também a nós mesmos.
Porque, no fundo, não há inimigos, só humanos. Humanos que, como nós, têm a sua história, os seus motivos, os seus contextos. Humanos que, como nós, têm as suas dores, as suas alegrias, as suas esperanças. Humanos que, como nós, têm o seu direito, o seu dever, o seu papel. Humanos que, como nós, são únicos, são diversos, são complexos.
E se nós reconhecemos isso, se nós respeitamos isso, se nós valorizamos isso, nós abrimos a possibilidade de construir conexões, pontes, diálogos. Nós abrimos a possibilidade de conhecer o outro, de entender o outro, de aprender com o outro. Nós abrimos a possibilidade de colaborar com o outro, de cooperar com o outro, de conviver com o outro.
E isso não significa que nós vamos concordar com tudo, que nós vamos aceitar tudo, que nós vamos renunciar a tudo. Isso significa que nós vamos dialogar com tudo, que nós vamos questionar tudo, que nós vamos negociar tudo. Isso significa que nós vamos buscar o entendimento, o consenso, a solução. Isso significa que nós vamos buscar a paz, a justiça, a harmonia.
Porque, no fim, não há inimigos, só humanos. E nós somos todos humanos, com suas histórias, dores e contextos. Somos pessoas que precisamos uns dos outros para ampliar nossas histórias, nossa forma de ver e estar no mundo. E assim nós podemos fazer do mundo um lugar melhor. Juntos.
Leonardo Duart Bastos
Superintendente do CEI Campinas