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Arte: Arma de Libertação ou Instrumento de Opressão? A Cultura na Construção de Valores Sociais!

Autor: CEI Campinas Data: 4/04/2025

A arte não é um mero reflexo da sociedade, mas um campo de batalha ideológico onde se definem os valores que mediam nossas relações. A Teoria Crítica da Escola de Frankfurt, com pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer e Walter Benjamin, já alertava: a cultura é ferramenta de dominação ou emancipação, dependendo de quem a instrumentaliza. Enquanto preenche o imaginário coletivo, ela pode semear violência e discriminação ou cultivar paz e inclusão. A escolha é nossa — e a história nos dá lições sombrias.

A Cultura como Solo do Fascismo: O Caso Nazista

Os nazistas entenderam melhor que ninguém o poder da arte e da cultura para moldar mentes. Utilizando a estetização da política (conceito de Benjamin), transformaram símbolos, rituais e obras artísticas em máquinas de propaganda. Filmes como O Triunfo da Vontade, de Leni Riefenstahl, e a apropriação de mitos germânicos criaram uma narrativa de superioridade ariana, normalizando o ódio e a exclusão. A cultura industrializada, como criticava Adorno, virou instrumento de massificação, apagando a crítica e glorificando a obediência. A arte, esvaziada de sua potência questionadora, serviu para banalizar o mal.

Do Horror à Esperança: A Arte como Resistência

Se a cultura foi usada para oprimir, também é caminho para a libertação. Hoje, artistas e movimentos sociais resgatam a arte como prática transformadora. Obras que celebram a diversidade, como os grafites de Kobra nas periferias, ou filmes que humanizam migrantes, como Bienvenidos, desmontam estereótipos e constroem *alteridade. A cultura de paz exige descolonizar o imaginário, substituindo narrativas de exclusão por diálogos que valorizem o Outro.

Para Além do Espetáculo: A Arte como Prática Política

A Escola de Frankfurt nos ensina: a indústria cultural pode alienar, mas a arte autêntica — crítica e insurgente — tem poder de despertar consciências. Se o nazismo usou a cultura para fascizar corpos, hoje a arte pode reencantar o mundo, promovendo empatia radical. Coletivos teatrais nas favelas, música que denuncia o racismo, ou literatura que dá voz a minorias são exemplos de como a cultura pode ser trincheira de resistência.

Conclusão: A Revolução Será Cultural ou Não Será!

A arte não é neutra. Ela pode reproduzir hierarquias ou subvertê-las. Enquanto o nazismo mostrou o abismo da instrumentalização fascista, nosso tempo exige arte como ato de coragem: que questione, una e reinvente. Para construir uma sociedade de paz, inclusão e alteridade, precisamos de culturas que desafiem o status quo e celebrem a diversidade como força. A escolha é nossa: deixaremos a cultura ser usada para repetir o passado ou a transformaremos em ponte para um futuro comum?

Pela arte que liberta! Pela cultura que inclui!

 

Leonardo Duart Bastos
Presidente do CEI Campinas