quarta-feira, 2 de abril de 2025

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Socorro! Heróis da assistência social em alerta vermelho: saúde mental na linha de frente da violência!

Autor: CEI Campinas Data: 21/02/2025

A nova Norma Regulamentadora 01 (NR-01) surge como um farol em meio à escuridão dos riscos psicossociais que assolam os trabalhadores da assistência social, especialmente aqueles que atuam na trincheira da proteção social especial. Estes heróis, que muitas vezes podemos chamar de “polícia” da proteção social – não no sentido de repressão, mas sim de guarda e defensores dos direitos humanos -, enfrentam diariamente a face mais cruel da nossa sociedade: a violência, a violação de direitos, a dor e o sofrimento humano em estado bruto.

É preciso escancarar a realidade: a vulnerabilidade destes trabalhadores é gritante e brutal. Expostos a situações de extrema carga emocional, pressão constante e contato direto com histórias de vida dilacerantes, é inegável o impacto devastador na sua saúde mental. Estresse crônico, ansiedade paralisante, depressão profunda e outros transtornos de humor são feridas invisíveis, mas profundas, causadas pelas condições de trabalho desumanas que muitas vezes enfrentam.

Precisamos urgentemente agir! A NR-01 nos oferece um caminho, mas é preciso ir além da letra fria da lei e construir uma cultura de cuidado e proteção para estes profissionais que são a alma da assistência social.

Mãos à obra! Propostas para um mapeamento, monitoramento, prevenção e intervenção eficazes:

  • Mapeamento de Riscos Psicossociais: Não basta números e planilhas! Precisamos ouvir a voz dos trabalhadores. Pesquisas qualitativas, entrevistas profundas, grupos focais, são ferramentas essenciais para compreender a realidade vivida, as angústias silenciadas e os pontos críticos que geram sofrimento. Pesquisas de clima organizacional também são fundamentais para identificar as dinâmicas de trabalho que adoecem.
  • Monitoramento Contínuo: É preciso criar canais de diálogo abertos e acessíveis onde o trabalhador se sinta seguro para expressar suas dificuldades e receber acolhimento. O monitoramento não pode ser apenas burocrático! Atestados médicos e taxas de absenteísmo são termômetros importantes, mas precisam ser lidos com atenção, como sinais de alerta de um sistema que precisa de ajuda.
  • Prevenção Ativa: Instruções, formações e treinamentos são indispensáveis, mas não podem ser apenas conteúdo teórico. Precisamos de vivências, simulações, estudos de caso, que preparem o trabalhador para lidar com a complexidade e a carga emocional do trabalho. A supervisão institucional regular e qualificada, com foco na reflexão sobre a prática, é fundamental para fortalecer o trabalhador e prevenir o adoecimento. Protocolos claros e bem definidos, que orientem a ação em situações de risco, trazem segurança e diminuem a sensação de desamparo.
  • Intervenção Humanizada: É urgente criar espaços de cuidado e acolhimento para os trabalhadores, onde possam compartilhar suas angústias, receber apoio emocional e cuidar da sua saúde mental. A flexibilização do trabalho, quando possível, pode ser uma ferramenta importante para diminuir o estresse e promover o bem-estar.

Alerta! Terapia individual não é a panaceia!

É preciso desmistificar a ideia de que promover a saúde mental do trabalhador se resume a oferecer terapia individual. Esta abordagem pode ser limitada e até mesmo uma armadilha, se não for parte de uma estratégia mais ampla. A saúde mental é um fenômeno complexo e multifacetado, que não pode ser reduzido a uma questão individual.

Precisamos olhar para a saúde mental de forma ampla, dinâmica e integral, considerando o contexto de trabalho, as relações sociais, as dinâmicas organizacionais, a cultura institucional. É neste contexto que a presença do psicólogo do trabalho se torna fundamental nestas organizações.

O psicólogo do trabalho não está ali para oferecer terapia individual, mas sim para pensar a saúde mental de forma coletiva e institucional, para compreender as relações de micropolítica que permeiam o ambiente de trabalho, para analisar a construção de significado e sentido na relação com o trabalho. É através deste olhar mais amplo e crítico que podemos transformar a realidade e construir ambientes de trabalho mais saudáveis e humanizados para estes heróis da assistência social.

É hora de agir! A saúde mental dos trabalhadores da assistência social é uma questão de justiça e de humanidade!