O assistencialismo, frequentemente disfarçado de benevolência, é uma prática que perpetua a dependência e a subserviência, ao invés de promover a autonomia e a dignidade. Sob o manto do cuidado, o Estado tutelar impõe uma forma de colonização sobre as pessoas, deslegitimando suas diferenças e necessidades reais.
O assistencialismo trata os cidadãos como meros receptores passivos de ajuda, negando-lhes a oportunidade de participar ativamente na construção de suas próprias vidas. Essa abordagem não reconhece a complexidade das desigualdades sociais e culturais, tratando todos de maneira uniforme e ignorando as especificidades de cada indivíduo e comunidade.
Ao fornecer apenas soluções paliativas e imediatistas, o assistencialismo não aborda as causas estruturais das injustiças sociais. Ele mantém as pessoas em um ciclo de dependência, sem oferecer os recursos e as oportunidades necessárias para que possam se emancipar e conquistar sua autonomia. Essa prática reforça a ideia de que os beneficiários são incapazes de cuidar de si mesmos, perpetuando estigmas e preconceitos.
Além disso, o papel tutelar do Estado no assistencialismo deslegitima as diferenças culturais e sociais, impondo uma visão homogênea e colonizadora. Ao invés de valorizar a diversidade e promover a inclusão, o assistencialismo reforça a exclusão e a marginalização, tratando as pessoas como objetos de caridade, e não como sujeitos de direitos.
Para superar essa lógica perversa, é necessário adotar uma abordagem que reconheça e valorize as diferenças, promovendo a participação ativa e a autonomia dos indivíduos. A assistência social deve ser vista como um direito, e não como um favor. É fundamental construir políticas públicas que abordem as causas profundas das desigualdades e promovam a justiça social de maneira integral e inclusiva.
Devemos lutar por um Estado que respeite e valorize a diversidade, que promova a emancipação e a autonomia, e que reconheça os cidadãos como protagonistas de suas próprias vidas. Somente assim poderemos construir uma sociedade mais justa, inclusiva e democrática, onde todos tenham a oportunidade de viver com dignidade e respeito.
Leonardo Duart Bastos
Superintendente do CEI Campinas
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