» Leia a parte 1 da “Trilogia da Transformação Social: A Importância de uma Visão Crítica da Sociedade”
» Leia a parte 2 da “Trilogia da Transformação Social: Estruturas Culturais e a Justiça Restaurativa”
Os serviços oferecidos atualmente para intervir nas injustiças sociais e na violência muitas vezes falham em abordar a complexidade dessas questões de maneira eficaz. Isso ocorre, em grande parte, devido à visão segmentada e setorizada do cuidado, que trata os problemas sociais como se fossem isolados e independentes uns dos outros.
Essa abordagem fragmentada impede um cuidado integral e holístico, que considere a pessoa em sua totalidade e as múltiplas dimensões de sua vida. Por exemplo, um serviço de saúde mental pode não se comunicar adequadamente com um serviço de assistência social, resultando em um atendimento desarticulado e ineficaz. Além disso, a falta de participação das vítimas sociais na construção de seu próprio cuidado deslegitima suas experiências e necessidades, perpetuando a exclusão e a vulnerabilidade.
Para construir uma sociedade mais justa e inclusiva, é essencial questionar essa estrutura segmentada e promover uma abordagem mais integrada e participativa. Isso significa reconhecer que as injustiças sociais têm origens complexas e interconectadas, que exigem soluções igualmente complexas e interconectadas.
Uma sociedade mais dialógica e baseada na alteridade valoriza a participação ativa de todos os indivíduos na construção de seu próprio projeto de vida. Abordagens como a educação popular e a ecologia social oferecem caminhos promissores para essa transformação, ao promoverem a conscientização crítica, a solidariedade e a ação coletiva.
No entanto, é importante reconhecer as limitações dos conectores históricos que moldam nossas sociedades e estar sempre abertos a repensar e reformular nossas práticas e estruturas. A transformação social é um processo contínuo e dinâmico, que exige coragem, criatividade e compromisso com a justiça e a inclusão.
Ao final desta trilogia, esperamos ter instigado uma reflexão profunda sobre a importância de uma visão crítica e sistêmica da sociedade, a necessidade de abordar as injustiças sociais de maneira culturalmente consciente e a urgência de repensar as estruturas de intervenção social para promover um cuidado integral e participativo.
Vamos juntos construir uma sociedade mais justa, inclusiva e dialógica, onde todos possam participar ativamente na construção de um futuro melhor.
Leonardo Duart Bastos
Superintendente do CEI Campinas
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