» Leia a parte 1 da “Trilogia da Transformação Social”
Para superar as injustiças sociais, é fundamental entender que elas não existem isoladamente, mas são potencializadas por estruturas culturais que as sustentam e perpetuam. Essas estruturas culturais incluem normas, valores, crenças e práticas que, muitas vezes, reforçam a desigualdade e a exclusão.
Por exemplo, a cultura do individualismo, que valoriza a competição e o sucesso pessoal acima do bem-estar coletivo, pode obscurecer a compreensão das injustiças sociais como problemas sistêmicos. Em vez de reconhecer as desigualdades como resultado de estruturas sociais injustas, essa perspectiva tende a culpar os indivíduos por suas circunstâncias, ignorando os fatores históricos e culturais que contribuem para a sua situação.
Nesse contexto, a Justiça Restaurativa surge como uma abordagem inovadora e eficaz para lidar com as injustiças sociais. Diferente do modelo punitivo tradicional, que se concentra em punir o infrator e, muitas vezes, negligencia as necessidades da vítima, a Justiça Restaurativa busca reparar os danos causados e restaurar as relações afetadas pelo conflito.
A Justiça Restaurativa reconhece que a punição do indivíduo e o cuidado isolado da vítima não são suficientes para resolver as injustiças sociais. Pelo contrário, essas práticas podem perpetuar a violência e a exclusão, ao invés de promover a reconciliação e a inclusão. Ao focar na reparação dos danos e na restauração das relações, a Justiça Restaurativa oferece uma abordagem mais humana e eficaz para lidar com as injustiças sociais.
Essa abordagem envolve a participação ativa de todas as partes afetadas pelo conflito – incluindo a vítima, o infrator e a comunidade – em um processo de diálogo e negociação. O objetivo é entender as causas do conflito, identificar as necessidades de cada parte e buscar soluções que promovam a justiça e a reconciliação.
No próximo texto, questionaremos a estrutura dos serviços oferecidos atualmente para intervir nas injustiças sociais e na violência, e exploraremos como uma abordagem mais integral e participativa pode contribuir para uma sociedade mais justa e inclusiva.
Fique atento para o terceiro e último texto da nossa trilogia, onde continuaremos essa reflexão e buscaremos novas perspectivas para a transformação social.
Leonardo Duart Bastos
Superintendente do CEI Campinas
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