Territorialidade no SUAS: Além da Localização, a Valorização dos Saberes e Culturas Locais

A territorialidade no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é um conceito fundamental que vai muito além da simples localização geográfica dos serviços. É um princípio que deve ser compreendido e aplicado de maneira ampla, considerando não apenas onde os serviços estão situados, mas também como eles se integram e interagem com as comunidades locais. A verdadeira territorialidade no SUAS envolve a desterritorialização dos profissionais, permitindo que eles se conectem profundamente com os saberes e as culturas dos territórios onde atuam.

A localização dos serviços é, sem dúvida, importante. Ela garante que os cidadãos tenham acesso físico aos recursos e apoios necessários. No entanto, limitar a territorialidade a essa dimensão é reduzir a complexidade e a riqueza das interações sociais e culturais que ocorrem nos territórios. Os profissionais do SUAS devem ser incentivados a ultrapassar as barreiras físicas e a se envolverem ativamente com as comunidades, compreendendo suas histórias, tradições e necessidades específicas.

A desterritorialização dos profissionais é um passo crucial nesse processo. Isso significa que os trabalhadores do SUAS não devem ser vistos apenas como prestadores de serviços, mas como agentes de transformação social que valorizam e incorporam os saberes locais em suas práticas. Ao fazer isso, eles não apenas oferecem um serviço mais eficaz e relevante, mas também fortalecem os laços comunitários e promovem a autonomia e o empoderamento das populações atendidas.

Valorizar os saberes e a cultura local implica em reconhecer que cada território possui uma identidade única, formada por suas experiências históricas, sociais e culturais. Os profissionais do SUAS devem estar preparados para ouvir e aprender com as comunidades, adaptando suas abordagens e intervenções de acordo com as especificidades de cada contexto. Isso requer uma postura de humildade e abertura, onde o conhecimento técnico é complementado pelo conhecimento empírico e vivencial das pessoas que vivem no território.

Além disso, a desterritorialização dos profissionais contribui para a construção de políticas públicas mais justas e inclusivas. Quando os saberes locais são incorporados no planejamento e na execução das ações do SUAS, as políticas tornam-se mais sensíveis às realidades e necessidades das comunidades. Isso resulta em intervenções mais eficazes e sustentáveis, que realmente fazem a diferença na vida das pessoas.

Em resumo, a territorialidade no SUAS deve ser entendida como um conceito dinâmico e multifacetado, que vai além da mera localização dos serviços. É essencial promover a desterritorialização dos profissionais, valorizando os saberes e a cultura dos territórios onde atuam. Somente assim será possível construir um sistema de assistência social verdadeiramente inclusivo, eficaz e transformador, que respeite e potencialize as riquezas e diversidades de cada comunidade.