No mês de maio, ecoa a voz da luta Antimanicomial, um grito de liberdade que ressoa através das paredes outrora intransponíveis dos manicômios. A reforma psiquiátrica, um marco na história do cuidado em saúde mental, trouxe consigo uma nova era de assistência, onde o respeito aos direitos humanos e a dignidade da pessoa com sofrimento psíquico são a pedra angular de um sistema que se reinventa.
A reforma foi um divisor de águas, substituindo o isolamento pelo acolhimento, a segregação pela inclusão, e a indiferença pela compaixão. Mas a jornada não termina com a queda dos muros físicos dos manicômios. Existem outras barreiras, invisíveis, mas igualmente opressoras, que ainda precisam ser superadas.
O muro do preconceito, que ignora o saber do usuário da saúde mental, é um desses obstáculos. A alteridade, o reconhecimento do outro em sua plena humanidade, é frequentemente ofuscada por estigmas e concepções ultrapassadas. É essencial quebrar também o muro subjetivo que perpetua uma relação vertical entre usuário e profissional, uma dinâmica de dependência que mina a autonomia e a capacidade de autodeterminação.
A verdadeira emancipação surge quando reconhecemos que cada indivíduo é o especialista de sua própria experiência. A colaboração e o diálogo devem substituir a autoridade unilateral. É hora de construir pontes de entendimento e caminhos de participação ativa, onde a voz do usuário é ouvida e valorizada.
A luta Antimanicomial é um lembrete constante de que a saúde mental é um direito de todos e que o cuidado deve ser uma construção coletiva, respeitosa e humanizada. Que neste mês de maio, possamos refletir sobre as correntes que ainda nos prendem e trabalhar juntos para desatá-las, para que cada pessoa possa caminhar livremente em direção ao bem-estar e à plenitude de vida.
Leonardo Duart Bastos
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